TEMA : DOENÇAS DOS SISTEMA
NERVOSO - BIOLOGIA
O que são doenças do sistema
nervoso?
Doenças do sistema nervoso são aquelas que atacam cérebro, medula espinhal, nervos e
terminações nervosas. Sua manifestação clínica se dá através de
sintomas capazes de prejudicar desde funções básicas, como reações motoras, até
as complexas, a exemplo das capacidades cognitivas. Isso porque o sistema nervoso
está presente em todo o organismo, elaborando e transmitindo comandos para
que os demais sistemas cumpram seu papel.
Ele é dividido em sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP).
O SNC é composto por cérebro e medula
espinhal, com a responsabilidade de construir pensamentos, armazenar a
memória, receber e gerar sensações em resposta a estímulos.
Já o SNP é formado pelos nervos e
terminações nervosas, que se espalham pelo corpo para transmitir os
estímulos enviados pelo SNC.
Para se ter uma ideia do número de nervos, há 31
pares deles apenas ligando a medula espinhal ao restante do organismo.
Todo esse aparato pode sofrer com traumas,
infecções, anomalias congênitas, destruição progressiva das células,
alterações nas atividades neuronais e sensoriais, entre outros problemas.
Conforme o tecido afetado, os distúrbios têm o
potencial de provocar mudanças na consciência, capacidades mentais,
coordenação motora, sentidos e padrões de sono.
Quais são as principais doenças
do sistema nervoso?
Como adiantei na abertura do texto, há
centenas de doenças do sistema nervoso.
Tanto que elas estão divididas em grupos para
facilitar sua localização em ferramentas como a Classificação Internacional de Doenças (CID) da
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Patologias inflamatórias, degenerativas e
transtornos dos movimentos são exemplos de grupos de distúrbios do
sistema nervoso.
A seguir, discorro sobre os principais.
Doenças degenerativas do sistema
nervoso
Como o nome sugere, as patologias degenerativas são
provocadas pela morte de células nervosas.
Células como os neurônios não são repostas, o que
leva a um efeito progressivo e irreversível, deixando o paciente
cada vez mais debilitado.
Geralmente, as doenças degenerativas têm avanço
lento e maior incidência em idosos.
Alguns exemplos são:
- Parkinson:
desencadeada pela perda irreparável de neurônios presentes numa área
cerebral chamada substância negra, a doença é caracterizada
pela queda na produção de dopamina, tremores e rigidez nas
articulações. Segundo estimativa da OMS,1% da população com mais de 65
anos sofre com Parkinson
- Alzheimer:
transtorno queafeta cerca de 35,6 milhões de
pessoas no mundo, é a maior causa de demência, ou
seja, perda da capacidade cognitiva. Memória, orientação, atenção e
linguagem ficam prejudicadas, começando pela perda de memória recente e
desorientação no tempo e espaço
- Esclerose lateral amiotrófica (ELA):
inicialmente, afeta um dos lados do corpo, diminuindo o equilíbrio e
levando à atrofia muscular. Seu avanço impacta a capacidade motora geral
do doente
- Esclerose múltipla:
outra doença comum, aEM atinge 2,8 milhões de
indivíduos em todo o planeta. Esse distúrbio é
autoimune, fruto de descontrole nas células de defesa do corpo, que passam
a combater e danificar a mielina (isolante para os nervos). Fadiga,
transtornos visuais e espasmos estão entre os sintomas.
Na sequência, as doenças do SNP.
Doenças do sistema nervoso
periférico
São transtornos que acometem células nervosas do
SNP, prejudicando especialmente as funções motora, sensitiva e
autonômica (que controla órgãos internos de forma autônoma).
Conheça alguns deles:
- Mononeuropatia:
descreve a lesão de um único nervo periférico, causada por eventos como
trauma, infecção e atritos
- Polineuropatia:
refere-se a danos que se estendem a diversos nervos periféricos.
Geralmente, é desencadeada por complicações dodiabetes, infecções ou intoxicação
- Síndrome de Guillain-Barré:
distúrbio autoimune que provoca redução nos reflexos e fraqueza muscular.
Ainda quanto a doenças que atingem o SNP, há as
condições desmielinizantes.
Doenças desmielinizantes do
sistema nervoso periférico
Patologias desmielinizantes têm origem em ataques
à mielina, camada gordurosa responsável por envolver as células nervosas.
Danos à mielina podem ser observados tanto no
sistema nervoso central quanto no periférico.
Inclusive, a esclerose múltipla é o principal
transtorno desmielinizante do SNC.
Geralmente, há reflexos para SNC e SNP,
de forma simultânea.
Confira exemplos desses distúrbios:
- Polineuropatia desmielinizante
inflamatória crônica (PDIC): doença crônica caracterizada por
períodos de fraqueza muscular intensa que permanecem por mais de dois
meses
- Transtorno do espectro de neuromielite
óptica: doença autoimune que afeta especialmente o nervo óptico e a
medula espinhal, causando problemas na visão e controle dos movimentos.
As doenças do sistema nervoso classificadas como
degenerativas têm avanço lento e maior incidência em idosos
Doenças do sistema nervoso
autônomo
Descrevem as patologias que impactam o
funcionamento do sistema nervoso autônomo, que realiza as funções
independentes de comandos conscientes ou vontade.
O prejuízo ao paciente depende do órgão afetado,
pois as funções autônomas são diversas.
Esse grupo de doenças engloba:
- Síndrome de Horner:
desencadeada pelo rompimento das fibras nervosas que fazem a conexão entre
cérebro e um dos olhos, a síndrome se manifesta por ptose (“pálpebra
caída”) e miose (pupila contraída)
- Neuropatia hereditária:
distúrbio autossômico do sistema nervoso autônomo e periférico presente
desde o nascimento (congênito), que provoca sinais comohipotensão ortostática,
problemas na regulação da temperatura e pupilas dilatadas.
A seguir, destaco as doenças do sistema nervoso de característica
infecciosa.
Doenças infecciosas do sistema
nervoso
São provocadas por agentes biológicos como vermes,
vírus, protozoários, fungos e bactérias.
Ao se alojarem nas estruturas do sistema nervoso,
eles iniciam quadros inflamatórios de maior ou menor gravidade, dependendo da
região afetada.
Lembrando que as doenças bacterianas do
sistema nervoso costumam desencadear formas mais graves, por vezes,
ameaçando a vida do paciente.
Veja exemplos dessas patologias:
- Meningite:
descreve a inflamação das membranas que envolvem cérebro e medula espinhal
(meninges). Na maioria das vezes, é viral ou bacteriana
- Encefalite: é a
inflamação do encéfalo, capaz de gerar edema (inchaço), convulsões e
síncope
- Neurocisticercose:
surge pela infecção após contato do verme Taenia solium com
o cérebro, ingerido junto a alimentos contaminados
- Abscessos cerebrais: são
como bolsas contendo células mortas e pus. Também provocam edema
cerebral, podendo surgir a partir de infecções em outras partes da cabeça
ou do corpo, ou pela entrada de bactérias após lesões na região.
Agora, é a vez de conhecermos os transtornos convulsivos.
Transtornos convulsivos
São provocados por descargas elétricas anormais no cérebro, que
atingem diferentes áreas e têm o potencial de impactar movimentos, sentidos e
consciência.
Autoridades de saúde como a Liga Internacional
Contra a Epilepsia (ILAE) reconhecem 27 tipos de crises epilépticas,
nem todas relacionadas ao diagnóstico de epilepsia.
Entre as crises mais comuns estão:
- Crise generalizada tônico-clônica:
afeta mais de uma região cerebral, levando a vítima a sofrer quedas,
rigidez nos membros, movimentos bruscos, salivação e emissão de gemidos.
Pode durar alguns minutos e sempre inclui perda da consciência
- Crise generalizada de ausência:
caracterizada pela súbita interrupção de uma atividade, dando a impressão
de que o doente está “fora do ar”, sem se mover ou responder a estímulos
externos. Geralmente, a vítima não se lembra do tempo que permaneceu
ausente
- Crise focal atônica:
concentra os efeitos nos músculos, causando fraqueza súbita capaz de
provocar queda e perda dos sentidos
- Crise focal mioclônica:
costuma atingir a parte superior do corpo, provocando a sensação de choque
e movimentos não intencionais.
Para completar, listo as doenças raras que atingem o sistema nervoso.
Doenças raras do sistema nervoso
Uma série de transtornos que afetam o sistema
nervoso podem ser considerados raros.
As já citadas esclerose lateral
amiotrófica, síndrome de Guillain-Barré e síndrome de Horner se
enquadram nessa definição.
Outras doenças neurológicas raras são:
- Síndrome de Rett:
causada por mutação genética que leva à deterioração
neuromotora de meninas, com manifestação clínica geralmente entre
seis e 18 meses de vida. O distúrbio afeta habilidades de comunicação,
aprendizagem e desencadeia movimentos repetitivos das mãos
- Miastenia Gravis:
autoimune ou congênita, a patologia surge em decorrência de problemas na
passagem de um comando do nervo para o músculo – causado pelo ataque de
células do sistema imunológico ao neurotransmissor acetilcolina. Gera
fadiga, fraqueza muscular excessiva e visão turva.
Importante destacar que cada uma das doenças pode se manifestar de forma
única e exigir tratamentos específicos.
Sintomas e tratamento das
doenças neurológicas
A lista de sintomas é longa.
Ela reúne alterações na sensibilidade, sentidos,
movimentos, consciência, cognição e sono.
Obviamente, um único distúrbio não é capaz de
provocar todos esses incômodos, porém, estamos falando de centenas de
transtornos.
Que podem apresentar sintomas como:
- Dor de cabeça ou
no pescoço
- Dor nas costas
- Dor do tipo facada nas extremidades dos braços e/ou pernas
- Tontura
- Convulsão
- Sensação de desmaio ou síncope
- Paralisia facial
- Enrijecimento de parte do corpo
- Espasmos
- Movimentos estereotipados e descontrolados, por
exemplo, tiques
- Zumbido
- Visão embaçada ou turva
- Alucinações
- Tremores
- Sensação de formigamento
- Problemas de equilíbrio
- Problemas de marcha
- Insônia ou sonolência exagerada
- Dificuldades para se concentrar
- Perda frequente de memória
- Confusão mental
- Dor nas articulações
- Perda súbita da força muscular.
Assim como os sintomas, diferentes patologias
exigem tratamentos específicos, geralmente por meio de medicamentos
e técnicas de reabilitação como a fisioterapia.
Dependendo da doença, há fármacos que atuam na
minimização dos sintomas e no retardo da progressão do distúrbio, preservando a
qualidade de vida por mais tempo.
Isso porque a maioria dos transtornos
neurológicos são crônicos, marcando presença durante toda a vida do
paciente.
Anticonvulsivantes e antidepressivos estão entre os medicamentos indicados para
indivíduos com neuropatias, pois ajudam a suprimir a dor.
Enquanto os inibidores das colinesterases ajudam
a diminuir o ritmo de evolução do Alzheimer, conservando as capacidades
mentais.
Como prevenir doenças do sistema
nervoso?
Não se sabe se há medidas de prevenção específicas
para cada distúrbio do sistema nervoso.
Contudo, há indícios de que uma alimentação balanceada,
combinada à prática regular de exercício físico, diminui as chances de
desenvolvimento dessas patologias.
Atividade física é importante
para fortalecer as conexões neurais, oxigenar o cérebro e evitar a atrofia de
nervos e músculos.
Já a alimentação deve priorizar ingredientes que
preservam microbiota intestinal, como verduras de cor escura, cereais e frutas,
evitando a gordura saturada.
Manter uma rotina de convívio social e tarefas
que estimulam as funções cognitivas também ajuda na prevenção e avanço
de doenças degenerativas como Alzheimer.
Outra dica é conhecer o histórico familiar,
a fim de se manter alerta para o início de sintomas de transtornos do sistema
nervoso.
O diagnóstico precoce é fundamental para
receber o tratamento adequado e, em alguns casos, minimizar as manifestações
clínicas.
O aparelho nervoso está presente em todo o
organismo, elaborando e transmitindo comandos para todo o restante
Doenças do sistema nervoso
relacionadas ao trabalho
A exposição ocupacional a
metais como mercúrio e manganês pode provocar alterações
neurológicas, desencadeando doenças.
Outra causa possível é o contato contínuo com monóxido de carbono, tolueno e
brometo de metila.
E o risco de transtornos neurológicos não se
restringe à exposição a agentes químicos.
O trabalho noturno (risco ergonômico), por exemplo, pode desencadear
distúrbios do ciclo vigília-sono, provocando insônia, fragmentação do sono e/ou
sonolência excessiva.
Encefalopatias, polineuropatias e até Parkinsonismo
secundário devido a agentes externos podem ter origem em condições de
trabalho insalubres.
O papel da telemedicina nas
doenças neurológicas
A telemedicina fornece soluções para otimizar resultados de exames neurológicos.
Isso, por sua vez, dá agilidade ao
diagnóstico de doenças que afetam o sistema nervoso.
Tudo começa com a assistência ao paciente na teleconsulta com neurologista.
Em apoio ao especialista para o diagnóstico, um dos
procedimentos mais importantes é o eletroencefalograma (EEG),
que usa eletrodos para captar a atividade elétrica cerebral.
O laudo do EEG dá suporte na identificação de anormalidades
nos padrões cerebrais.
Dessa forma, contribui para a detecção de
epilepsia, enxaqueca e outras cefaleias, tumores e acidente vascular cerebral.
Plataformas completas, como a da Telemedicina Morsch, oferecem teleconferência em neurologia,
auxiliando no diagnóstico rápido e tratamento imediato do AVC.
RESPONDA AS QUESTÕES
1. Qual das alternativas abaixo não corresponde a uma doença degenerativa do sistema nervoso?
a) Alzheimer
b) Parkinson
c) Síndrome de Horner
d) Esclerose lateral amiotrófica (ELA)
2. Marque V
para verdadeiro e F para falso (V ou F)
( ) A esclerose múltipla é uma doença infecciosa do sistema nervoso, causada
por vírus que atacam a mielina.
3. (Qual
das alternativas descreve uma função do
sistema nervoso periférico (SNP)?
a) Armazenar memórias e construir pensamentos
b) Regular a pressão arterial por meio de comandos conscientes
c) Transmitir os estímulos gerados pelo sistema nervoso central para o restante
do corpo
d) Gerar descargas elétricas anormais causadoras de crises convulsivas
4.
O que caracteriza as doenças degenerativas do sistema nervoso e por que elas
são geralmente irreversíveis?
5. Explique a diferença entre o sistema nervoso central
(SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP), incluindo os órgãos que os compõem.
6.
Quais são os principais sintomas que podem indicar a presença de uma doença
neurológica?
7.
A esclerose múltipla é uma doença autoimune. Explique o que isso significa e
como ela afeta o organismo.
8.
Cite três doenças infecciosas que afetam o sistema nervoso e explique
brevemente como cada uma age no organismo.
9.
Quais medidas podem ser adotadas para ajudar na prevenção de doenças do sistema
nervoso, especialmente as degenerativas?
10.
Qual é a importância da telemedicina no diagnóstico e tratamento das doenças
neurológicas, de acordo com o texto?
✅ GABARITO – QUESTÕES FECHADAS
1. (Múltipla
escolha)
Resposta correta: c) Síndrome de
Horner
2. (V ou F)
Resposta correta: Falso
Explicação: A esclerose múltipla é uma doença
autoimune, e não infecciosa.
3. (Múltipla
escolha)
Resposta correta: c) Transmitir os
estímulos gerados pelo sistema nervoso central para o restante do corpo
📝 GABARITO – QUESTÕES ABERTAS (Respostas esperadas)
1.
As doenças degenerativas do sistema nervoso são caracterizadas pela morte
progressiva e irreversível de neurônios, que não podem ser regenerados. Isso
leva à perda gradual de funções neurológicas, como a cognição e o controle
motor.
2.
O sistema nervoso central (SNC) é formado pelo cérebro e pela medula espinhal,
sendo responsável por processar informações e comandar respostas. O sistema
nervoso periférico (SNP) é composto por nervos e terminações nervosas, que
transmitem os comandos do SNC para o resto do corpo.
3.
Entre os sintomas das doenças neurológicas estão: dor de cabeça, tontura,
convulsões, perda de memória, formigamento, espasmos, tremores, alterações na
visão, dificuldade de concentração, insônia, zumbido, entre outros.
4.
Doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca estruturas do
próprio corpo. No caso da esclerose múltipla, as células de defesa atacam a
mielina, substância que envolve os nervos, prejudicando a transmissão dos
impulsos nervosos.
5.
·
Meningite:
inflamação das meninges, geralmente causada por vírus ou bactérias.
·
Encefalite:
inflamação do encéfalo, podendo causar convulsões e perda de consciência.
·
Neurocisticercose:
infecção por larvas da Taenia solium no
cérebro, contraída por ingestão de alimentos contaminados.
6.
Para prevenir doenças do sistema nervoso é indicado: manter alimentação
equilibrada, praticar atividades físicas, estimular a mente com atividades
cognitivas, evitar exposição a toxinas e conhecer o histórico familiar para
identificação precoce de sintomas.
7.
A telemedicina auxilia no diagnóstico precoce de doenças neurológicas por meio
de consultas remotas com especialistas e exames como o eletroencefalograma
(EEG). Isso permite maior agilidade na identificação e tratamento de condições
como epilepsia e AVC.